30 horas
Ciclo de Estudos Experiência e Paixão: histórias de mediAÇÃO de leitura
R$ 130,00 ou
4x R$ 32,50
“A intimidade é, finalmente, o que torna impossível para o homem existir sob aquele modo de ser fechado em si mesmo que os filósofos sempre chamaram de "substância": não posso existir por mim mesmo - minhas inclinações, preciso de tudo para o qual dou vida e que me dá vida, tudo o que me dá a morte, tudo para o qual estou inclinado, tudo o que me inclina para a morte. Só posso me sustentar com minha falta de sustento, com minha fome e minha sede, com meus tremores e meus gritos.”
José Luis Pardo (La intimidad, tradução nossa)
Ponto de Partida do Ciclo
A proposta deste Ciclo de Estudos é pensar a intimidade a partir das provocações inspiradoras do filósofo José Luis Pardo em seu livro La intimidad (2013, publicado pela PRE-TEXTOS).
Neste livro, Pardo nos provoca com a pergunta: Por que sou alguém e não ninguém? (tradução nossa, p. 32). Para ele, ser alguém é estar inclinado (tradução nossa, p. 42). Ou seja, sabemos que somos alguém quando nos sentimos vivendo. E nos sentimos vivendo quando percebemos que temos inclinações, gostos, prazeres, escolhas, hábitos, afetos, sensações, sentimentos em constante movimento.
Essa palavra inclinação traz um sentido menos estático para o tema da intimidade, propondo porosidades e engajamentos do corpo. A existência que se entende inclinada e finita (sinto que estou vivendo porque estou morrendo por aquilo a que estou inclinado, p. 44) é de uma vitalidade que nos refaz em aproximações e afastamentos permanentes.
Nunca falamos tanto em "qualidade de vida", "expectativa de vida”, "investir na vida", "ter uma meta", "ter uma vida melhor", "gerir a própria vida", "chegar lá". Mas falamos pouco sobre o que estamos chamando de vida. Essa palavra, esse imperativo comum. O que afirmamos quando dizemos que queremos viver?
Se queremos a vida vivendo, queremos o desequilíbrio, queremos o instável, o desvio -o sair de si mesmo-, queremos não ter propriedade sobre uma verdade, um conceito ou alguém, queremos desconfiar da ideia de identidade, de tudo o que é "natural". Se queremos a vida, não acreditamos no isolamento. Desejamos a inquietude e a tensão permanente dos encontros.
Se queremos a vida, queremos a fragilidade da nossa própria língua. Queremos prestar mais atenção (inclinar-se) em como soam as palavras, quais os seus efeitos em nós, queremos escutar mais os suspiros e temores, mais do que o nosso saber dizer. Junto com Pardo (2013), estar em intimidade com a língua é falar de dentro dela.
E, para este mergulho nas palavras intimidade e inclinação, convidamos um conjunto de artistas-pensadores-professores que farão conexões possíveis de seus fazeres, dividindo conosco contágios, silêncios, vazios, escuta, opacidade, balbucios.
Vamos conversar tendo as imagens do jogo, da dança, da ginga, do funâmbulo andando em sua corda, do artista que se coloca em risco. Pois,
"estar vivo
é estar inclinado".
Referência:
Pardo, José Luis. La intimidad. Valencia: Pre textos, 2013.
Como o Ciclo (nos) acontece
de 08 a 16/10/24
Encontros online de terça a sexta das 19h30 às 21h30 - Sábado das 10h às 12h
100% online e ao vivo!
Se você não puder assistir a todos os encontros ao vivo, informamos que eles são gravados e disponibilizados aqui em nossa plataforma de estudos. Os participantes inscritos no ciclo terão 3 meses de acesso às gravações e referências, além do certificado digital de 30h.
Você realiza a matrícula e já acessa o boas-vindas e informações importantes do curso.
A Quem interessa
Pessoas vivas em geral.
Pessoas que possuem inclinações nas áreas de arte, cultura, educação, filosofia, literatura, psicanálise, comunicação.
Quem Estará Conosco? O que Vamos Estudar?
Encontro 1 – Terça-feira, 08/10, das 19h30 às 21h30 com Christian Dunker
Como a clínica está associada à ideia de inclinação? Quais as questões envolvidas no âmbito da psicanálise e que reverberam os desafios atuais como o isolamento da vida contemporânea? Neste encontro, o psicanalista Christian Dunker, autor de Reinvenção da intimidade – políticas do sofrimento cotidiano, partilha algumas de suas reflexões e nos convida a escutar nossas práticas cotidianas e nossas formas de nos relacionarmos.
Christian Dunker, psicanalista, Professor Titular do Instituto de Psicologia da USP (2014) junto ao Departamento de Psicologia Clínica. Obteve o título de Livre Docente em Psicologia Clínica (2006) após realizar seu Pós-Doutorado na Manchester Metropolitan University (2003). Possui graduação em Psicologia (1989), mestrado em Psicologia Experimental (1991) e doutorado em Psicologia Experimental (1996) pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Analista Membro de Escola (A.M.E.) do Fórum do Campo Lacaniano.Tem experiência na área clínica com ênfase em Psicanálise (Freud e Lacan), atuando principalmente nos seguintes temas: estrutura e epistemologia da prática clínica, teoria da constituição do sujeito, metapsicologia, filosofia da psicanálise e ciências da linguagem. Coordena, ao lado de Vladimir Safatle e Nelson da Silva Jr,. o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP cujo produto de pesquisa foi publicado em "Patologias do Social" (Autêntica, 2017) e "Neoliberalismo como Gestão de Sofrimento (Autêntico, 2020). Recebeu dois prêmios Jabuti em Psicologia e Psicanálise. Publicou "Estrutura e Constituição da Clinica Psicanalítica" (Annablume, 2011), "Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma" (Boitempo, 2015), "Por quê Lacan? (Zagodoni, 2016), "A Psicose na Criança" (Zagodoni, 2014) e "O Cálculo Neurótico do Gozo" (Escuta, 2002), "Reinvenção da Intimidade" (Ubu, 2017) e o Palhaço e o Psicanalista (Planeta, 2018).
Encontro 2 – Quarta-feira, 09/10, das 19h30 às 21h30
Imagens para abrir a intimidade, com Ângela Castelo Branco e Leticia Liesenfeld Erdtmann
O texto A intimidade (La Intimidad, 2013) de José Luis Pardo é uma inclinação comum entre nós duas desde 2015. Podemos dizer que passamos a "nos conhecer" quando, em uma conversa, este texto pulou como um gosto e um segredo que tínhamos em comum. Podemos dizer que nossa alma saltou ou se fez presente. Desde então queremos partilhá-lo publicamente para que isso que chamamos alma se faça presente e se amplie. Este encontro será dedicado aos fragmentos de A intimdiade e outras imagens poéticas e literárias que se somam às palavras intimidade e inclinação.
Ângela Castelo Branco, Doutora em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP. Mestre em Educação pela UNESP. Poeta e arte-educadora. Fundadora d’A CAsa Tombada- Lugar de Arte, Cultura, Educação. Foi coordenadora pedagógica do Programa Jovem Monitor do Centro Cultural da Juventude. Atualmente é professora em cursos de pós-graduação n’A Casa Tombada e coordena a pós “Gestos de Escrita”. Foi contemplada pelo Programa de Difusão de Literatura com o projeto “Ateliê Móvel- Instante de Leitura”, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Autora do livro “Epidermias”, premiado pelo ProAc- Publicação de Livros, pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e do livro “É vermelho o início da árvore”, premiado pela Funarte, MinC, Bolsa de Criação Literária.
Leticia Liesenfeld Erdtmann, Atriz, contadora de histórias e professora. Doutoranda em Teatro /UnB. Mestre em Comunicação e Artes UNL (Lisboa) e Bacharel em Artes Cênicas /UFRGS. Atua desde 1997 em produções de teatro e dança (Brasil, Portugal e França) e desde 2003 como contadora de histórias (Brasil, Portugal e Alemanha). Coloca em diálogo a leitura e a narração de histórias com o território da dança contemporânea. Professora e coordenadora na Pós-graduação Narração Artística: convite às práticas e poéticas das oralidades na arte e na educação, professora convidada no curso de Pós-graduação O Livro para a Infância - processos contemporâneos de criação, circulação e mediação e professora convidada no curso de Pós-graduação Gestos de Escrita como prática de risco, os três projetos em versão online n'A Casa Tombada (FACONNECT/ SP). Professora no curso livre online A Escrita Expandida, da f508.art (SP e Lisboa). Ministra cursos e seminários nos campos da mediação da leitura, narração oral artística, corpo e vocalidade. Pesquisa sobre poéticas da intimidade e sobre o papel da atmosfera na narração de histórias.
Encontro 3 – Quinta-feira, 10/10, das 19h30 às 21h30
O Corpo Inclinado, com Leticia Liesenfeld Erdtmann
A inclinação como lugar de trânsito dos e entre os corpos. Uma conversa sobre a intimidade em seus movimentos e direções: inclinação, precipitação, queda e recuperação. Na França, a palavra intimidade surge no século XIV, significando uma forte ligação com alguém, nasce primeiramente da ligação com o outro. A inclinação enquanto relação de proximidade em situação de convívio toma uma forma difusa e recriada a cada passo, passos, ou dança?
Encontro 4 – Sexta-feira, 11/10, das 19h30 às 21h30
O manto sagrado, com Glicéria Tupinambá
Glicéria Tupinambá vai narrar a sua missão de recuperar material e culturalmente a tradição dos mantos que foram levados por diversos museus europeus e nos convidar a vestirmo-nos de nossas peles ancestrais. "Nós somos pássaros que andam". Atos de coragem e grandeza históricos que nos revinculam ao território geopoético tantas vezes usurpado. Gestos que nos revinculam ao território geopoético tantas vezes usurpado.
Glicéria Tupinambá, também conhecida como Célia Tupinambá, é da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul do estado da Bahia. Participa intensamente da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se sobretudo em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, aos serviços sociais e aos direitos das mulheres. Foi professora no Colégio Estadual Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro. Concluiu a Licenciatura Intercultural Indígena no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e está fazendo mestrado PPGAS- programa de pós-graduação em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. Foi presidente da Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro, sendo responsável pela aprovação e gestão de projetos voltados ao fortalecimento da aldeia.
Encontro 5 – Sábado, 12/10, das 10h às 12h
Como se dá o mergulho extático para dentro do outro? com Juliano Garcia Pessanha
“Coloco uma maçã diante de mim sobre a mesa. Depois, coloco-me dentro da maçã. Que tranquilidade!”
Como se dá o mergulho extático para dentro do outro? Se somos os visitáveis por imersões e ocupações, qual o melhor nome para nós? Partirei desse poema do Henri Michaux para compor uma semântica da intimidade com base no livro Bolhas de Peter Sloterdijk.
Juliano Garcia Pessanha nasceu em São Paulo em 1962. Graduou-se em filosofia (USP). Ë mestre em psicologia (PUC-SP) e doutor em filosofia (USP). É autor do romance O filósofo no porta-luvas (Todavia, 2021), pelo qual foi contemplado com o terceiro lugar do prêmio Machado de Assis, da Biblioteca Nacional. Lançou em 2018 Recusa do não-lugar (Ubu) e Epigramas recheadas de cicuta, coautoria com Evandro Affonso Ferreira. Autor também de Sabedoria do nunca (1999), Ignorância do sempre (2000), Certeza do agora (2002) e Instabilidade perpétua (2009), publicados originalmente pela Ateliê Editorial e reunidos no volume Testemunho Transiente, publicado pela Cosac Naify em 2015, pelo qual recebeu o Grande prêmio da Crítica da APCA na categoria Literatura. Foi premiado ainda com o Nascente (Abril-USP) nas categorias poesia e ficção, em 1997. É professor e dirige grupos de estudo de filosofia.
Encontro 6 - Terça-feira, 16/10, das 19h30 às 21h30
"Nós vimos a terra molhada, mas não vimos quando choveu, camará...", com Janja Araújo
Resumo: Estruturante da ginga, revisitamos em nós a noção de tempo que se consagra na virtualidade sobre a noção do outro. A capoeira dança na relação viva com o outro, os equilíbrios próprios e da comunicação corpo a corpo se mesclam em movimentos de harmonia, vigor e gentileza.
Janja Araújo é baiana e começou sua iniciação na capoeira em 1982. É mestra de capoeira, sendo cofundadora do Instituto Nzinga de Estudos da Capoeira Angola e Tradições Educativas Bantu no Brasil, uma organização que realiza trabalhos em várias cidades brasileiras e em vários países. Atualmente se dedica aos estudos sobre as mulheres nos contextos das culturas tradicionais e populares de matrizes africanas. Sua trajetória é também marcada pelo diálogo permanente com a as organizações das mulheres tanto no contexto das lutas por autonomia e enfrentamento às violações de direitos, quanto nestes contextos tradicionais, com ênfase nos movimentos que se formam no interior da capoeira, ressaltando seu caráter transnacional. Janja Araújo é formada em História (UFBA) e possui mes trado e doutorado em Educação (USP) e pós-doutorado em Ciências Sociais (PUC/SP). É docente do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo (FFCH/UFBA).
Encontro 7 – Quarta-feira, 16/10, das 19h30 às 21h30
Intimidade é um modo de ser desperto, com Luiza Christov
Resumo: A experiência da intimidade exige o despertar para o outro e para si buscando elos e nexos e simpatias. Buscando rugosidades e lisuras de aproximações. Exige acordar da anestesia que funda a indiferença pelo mundo e por isso a intimidade é uma experiência estética, capaz de romper a anesthesis ou estado do ser anestesiado e indiferente ao mundo. Ser íntimo é um estado de presença.
Luiza Christov Doutora e mestre em Educação - PUC-SP. Realizou estágios de pós-doutoramento junto à Universidade de Barcelona (Espanha) e junto ao Teachers College da Universidade de Columbia (EUA). É professora e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Artes/ Instituto de Artes da UNESP e de A Casa Tombada. Foi assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para projeto de formação de diretores de 2021 a 2023. Criadora da coleção para coordenadores pedagógicos da Editora Loyola. Escreve a partir de referências geradas em quatro campos: coordenação pedagógica; filosofia; psicologia da educação; conhecimento e formação docente.
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