A Arte da Fala: sobre silêncios, escutas, dizeres

Quando é uma travessia? Tudo é? Tudo vai de um lugar para outro?  Quando atravessamos algo? E, se atravessamos, atravessamos o quê?

De 2020 para cá, o que nos aconteceu? O que superamos, se superamos? O que atravessamos, se atravessamos? E o que ficou? O que é preciso retomar? Como olhar para o agora com os olhos de lá? Como estar no lá com os olhos do agora?

Temos recebido muitos pedidos para revisitar, reconversar, assistir novamente a algumas aulas gravadas que ocorreram no período da pandemia. E por que? Será que é porque temos mais tempo agora? Certamente que não.

Talvez seja por que vamos entendendo, aos poucos, que a volta do parafuso se faz necessária. Só avançamos se retornamos. E retornar é nunca estar igual ao ponto originário. Só avançamos se reelaboramos. E reelaborar não é corrigir, sobrepor, apagar, evoluir. Reelaborar é sintonizar-se com. 

Foi por isso que criamos A Casa Retrô. Um lugar para espiralar os encontros, as palavras, as línguas. Por que precisamos ter por perto aquilo que nos ressoa, que nos põe em movimento. Para nós a ausência de movimento é impossível, como escreveu Llansol. 

Selecionamos uma primeira rota desta volta, com o fluir de rio. São percursos entre educação, oralidade, a palavra e a escuta.

Para que possamos continuar na instabilidade das nossas canoas, 

Ou, permanecer em nossas escolhas, Intento de uma vida toda.

Sobre o Curso A Arte da Fala: sobre silêncios, escutas, dizeres com Giuliano Tierno

Um caminho reflexivo que propõe alguns exercícios para praticar os silêncios, as escutas, os dizeres. A elaboração desse curso parte das seguintes observações: o descuido contemporâneo (sobretudo na sociedade brasileira) com a palavra pública; a crise do conceito de justiça e o seu contágio na constituição da fala que perdeu sua referência no que o filósofo alemão Walter Benjamin nomeou como "a justa medida da palavra"; no isolamento físico que todas e todos estamos vivendo a percepção de um fortalecimento da necessidade do convívio social e a procura de estar com o outro sem um objetivo pragmática ou utilitário, mas por uma necessidade de estar diante do que não se busca; a necessidade de escutar mais devagar, olhar de maneira atenta e demorada, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião e o juízo, falar sobre o que estamos vendo, ouvindo e dizendo.

São 4 encontros gravados:

• Encontro 1  - A Arte da Fala ou bem dizer as palavras públicas e comuns 
• Encontro 2 - Sobre atenção e silêncios: "uma alta forma de generosidade" 
• Encontro 3 - Aprender de ouvido: a relação solidária entre oralidade e escritura 
• Encontro 4 - Laboratório de Imaginação Política: A Arte da Fala como Saúde Pública 

Referências que permearam o curso:

• BENJAMIN, Walter. O Narrador. Considerações sobre a obra de Nicolai Leskov. In: Arte e Política, Técnica e Magia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
• LARROSA, Jorge. Linguagem e Educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
• http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/42388 (consultado em 5/4/2020)

Sobre o professor

Doutor e Mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes da Unesp. Licenciatura plena em Educação Artística - Habilitação em Artes Cênicas pelo Instituto de Artes da Unesp. Sócio-fundador d´A Casa Tombada [Lugar de Arte, Cultura, Educação] na cidade de São Paulo. Coordenador Geral dos cursos de pós-graduação d’A Casa Tombada. Idealizador, coordenador e professor do curso de pós-graduação lato sensu Narração Artística: Caminhos para contar histórias em contexto urbano, pel'A Casa Tombada. 

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