Narrativas Adormecidas: outros retratos

Quando é uma travessia? Tudo é? Tudo vai de um lugar para outro?  Quando atravessamos algo? E, se atravessamos, atravessamos o quê?

De 2020 para cá, o que nos aconteceu? O que superamos, se superamos? O que atravessamos, se atravessamos? E o que ficou? O que é preciso retomar? Como olhar para o agora com os olhos de lá? Como estar no lá com os olhos do agora?

Temos recebido muitos pedidos para revisitar, reconversar, assistir novamente a algumas aulas gravadas que ocorreram no período da pandemia. E por que? Será que é porque temos mais tempo agora? Certamente que não.

Talvez seja por que vamos entendendo, aos poucos, que a volta do parafuso se faz necessária. Só avançamos se retornamos. E retornar é nunca estar igual ao ponto originário. Só avançamos se reelaboramos. E reelaborar não é corrigir, sobrepor, apagar, evoluir. Reelaborar é sintonizar-se com. 

Foi por isso que criamos A Casa Retrô. Um lugar para espiralar os encontros, as palavras, as línguas. Por que precisamos ter por perto aquilo que nos ressoa, que nos põe em movimento. Para nós a ausência de movimento é impossível, como escreveu Llansol. 

Selecionamos uma primeira rota desta volta, com o fluir de rio. São percursos entre educação, oralidade, a palavra e a escuta.

Para que possamos continuar na instabilidade das nossas canoas, Ou, permanecer em nossas escolhas, Intento de uma vida toda.

Sobre o Curso Narrativas Adormecidas: outros retratos 

Fotografias são guardiãs de memórias, mas também registram narrativas adormecidas ou apagadas de nossas lembranças. Revisitar antigas fotos é se equilibrar num fio de recordações e de lacunas.  Este curso deseja se encontrar com as frestas do esquecimento e preencher espaços vazios. Através da ‘auto-fabulação’, nosso autorretrato será narrado num vídeo-conto nomeado OutrosRetratos autorizando uma “reinvenção de si”.

 São 4 encontros gravados: 

Encontro 1 - Diásporas, lacunas e frestas: memórias e esquecimentos de um corpo brasileiro.
Encontro 2 - Conhece-te a ti mesmo X Inventa-te a ti mesmo: a auto fabulação recria fatos em afetos.
Encontro 3 - Relendo imagens fixas no tempo e recriando uma memória viva.
Encontro 4 -  Vídeos-contos OutrosRetratos: aferindo voz ao que não foi contado.

Referências que permearam o curso:

Abreu, Luís Felipe Silveira; Araújo, André Corrêa Silva; Silva, Alexandre Rocha. Do fait divers ao Biografema: escrita da vida e poética do detalhe em Roland Barthes. https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/174399

Alice, Tania. Performances de arte relacional: uma (r)evoluc?a?o dos afetos.  https://performatus.net/estudos/performances-de-arte-relacional/

Ferreira, Jerusa Pires. Vigília das Oralidades. Revista USP: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13524

Simas, Antonio. Tudo o que o corpo dá. Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Fogo no Mato: a ciência encantada das macumbas: Mórula, 2019.

Filmografia:

Masagão, Marcelo. Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999)

https://www.youtube.com/watch?v=QaNQR5wU46w

Cezar, Pedro. Só dez por cento é mentira (2010)

https://www.youtube.com/watch?v=VG4P_mWWAI0&t=1408s

 Sobre a professoraÉ atriz e pesquisadora de histórias de vida. Mestra Artes da Cena pelo Programa de pós-graduação do Instituto de Artes da Unicamp onde desenvolveu a pesquisa ‘O Narrador está em quem ouve: o estudo de histórias de vida no trabalho do ator-performer”. Como performer narra histórias de vida para o Instituto Museu da Pessoa contando memórias de brasileiros, junto a este instituto organizou o livro “Narradores de Vida” (2017). Pela Associação Arte Despertar escreveu o livro “O Farol das Ilhas: histórias de vida para além de um hospital” (Arte Despertar: 2009), ouvindo e reescrevendo memórias de pacientes do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em 2019 dirigiu a “Peça para Lembrar: histórias de vida dos moradores do Jaguaré” Projeto Palco. Como artista percorreu o Brasil, Europa, Argentina, Chile e México, pesquisando e atuando sempre de escuta aberta para o encontro com o outro.